voz do coração

Por vezes é mesmo preciso que aquilo doa, que o amor nos rasgue o peito sem dó e nos leve o coração para o outro lado do mundo, para que nos apercebamos de que estamos a perder tempo. E o tempo é tão valioso quanto o amor, por vezes mais, porque enquanto o tempo apaga as feridas, o amor cava-as fundo e espeta as unhas onde dói mais. E quando pensamos que o tempo já levou tudo, chega o amor e derruba-nos o corpo.
 Mas o tempo está nos pequenos passos que damos em direcção ao "não sei o quê", que vem de "não sei onde", e que ao contrário dos outros, não dói, "não sei porquê". A felicidade e a força de um guerreiro prevalecem nas pequenas palavras que vamos soltando com o tempo, e das vezes em que o coração fala sem proferir a palavra amor. A verdadeira grande passada para o outro lado do globo dá-se quando já não há nada a dizer sobre aquilo que foi, e não quando só sabemos lamentar aquilo que não foi. A verdadeira diferença entre quem esquece e quem não se lembra está na voz do coração, que no fundo e no fim de tudo, não são mais do que palavras.