mundo azul

 Gostava que me ouvisses falar dele, sentando-te ao fundo da minha cama só para me veres divagar sobre o passado, sobre o que ainda sinto, sobre o que nunca parei de pensar. Gostava que fosses um companheiro e pêras, daqueles que ouvem a verdade com o coração desarmado e estendem os braços quando a sua alma está desfeita.

 Entristece-me que não queiras ouvir o quanto o mundo dele é azul, o quão feliz fui e sou quando ele me faz sorrir, da maneira mais genuína que conheço em mim. É lamentável que não oiças as minhas histórias, que não me deixes contar-te sobre o seu cavalo branco e os seus olhos côr-de-mel. Ele é uma peça fundamental no meu puzzle, uma página indispensável no livro que toda eu sou, naquilo que me tornei por sua causa.

 Deixa-me dizer-te com todas as letras que o meu amor por ele era grande, maior que o meu peito, contar-te que a loucura era o meu nome do meio, que os meus sonhos eram com ele e que um dia me imaginei ao seu lado, partilhando os cabelos brancos e a doçura dos netos, no quintal da nossa casa. Confessar-te que era fácil viver nos seus braços e perder-me no seu perfume, que era difícil a sua ausência e impensável a sua perda. Sussurrar-te que um dia tentei esquecê-lo, e encontrei-te.

 Querido, deixa-me dizer-te baixinho o quanto um dia fui feliz.