montanha russa

 Ainda esperei todos os dias e todas as noites. Por ti, por mim, por respostas. E esperei porque não havia muito mais que pudesse fazer depois de me dares todos os motivos para não esperar mais nada de ti. Esperei então porque sou teimosa, obstinada e totalmente do contra.

Se queres saber, esperei porque a minha vontade de ficar contigo foi sempre maior que o meu amor próprio e contra isso não havia nada que eu pudesse fazer. A não ser esperar. Esperar que a minha sorte mudasse e meu amor por ti também. 

 Aos poucos fui-me apercebendo que não ias chegar. E por mais que essa consciência fosse como espetar o dedo na ferida e lá permanecer, não tive outra hipótese. O melhor mesmo foi fechar a loja e seguir até ao bairro mais próximo. Permitir que outros amores me levassem ao colo e me dessem numa noite tudo aquilo que esperei de ti uma vida inteira. Reconfortante foi devorar chocolate e ler a Margarida Rebelo Pinto dizendo que também ela já desistiu de um grande amor, porque se cansou de esperar. Bom foi ter amigos desvairados que me fizeram lembrar eu mesma antes de entrar nesta montanha russa. Foi crucial ter-te amado para aprender a amar os outros, de uma forma menos carente e mais consciente. Embora mais triste.

 E foi fundamental ter esperado. Deixar o coração a marinar e ir vivendo. Como se fosse feliz, até conseguir sê-lo. Sem ti. Sem nós.